Por Ana Paula Dias da Silva – CRP 06/79873
Constantemente ouço pessoas falando a respeito do ciúme. Esse tema é muito controverso!
Alguns acreditam que o ciúme é a demonstração do quanto são queridos pelo outro. Como se o fato de ser alvo do ciúme de alguém o colocasse numa posição de grande importância para o outro. Afinal, se ele tem medo de me perder, é porque eu farei falta, logo sou muito importante para ele!
Este é um grande engano, pois o ciúme tem relação direta com quem sente e não com aquele que é alvo do sentimento. Mas, como assim?
O ciúme é um sintoma e, como todo sintoma, é multideterminado, ou seja, para cada um tem uma fundamentação, afinal, cada história é única e cada ser humano irá lidar de forma diferente com os eventos de sua vida. No entanto, o ciúme diz muito sobre a personalidade daquele que o sente. Muitas vezes, pode representar insegurança, problemas com a autoestima, necessidade de controle e posse, entre outros motivos.
O que quero dizer com isso?
Que o alvo hoje é você, mas poderia ser qualquer outra pessoa que colocasse em risco o poder de controle daquele que sente o ciúme em excesso!
Claro que certo grau de ciúme é normal e faz parte da vida de todos nós. O que estamos falando aqui, é sobre aquele ciúme que faz sofrer. Faz sofrer aquele que sente e aquele que é alvo, pois o sujeito ciumento normalmente invade a privacidade do outro. Mais que isso, invade a individualidade do outro.
Quando formamos um casal, seja num namoro ou num casamento, não deixamos de ser indivíduos, temos uma história, continuamos tendo desejos, e por desejo me refiro a tudo:
desejo de ter amigos, de ter uma carreira, de estudar, de ficar sozinho às vezes, de fazer escolhas muitas vezes diferentes das escolhas de nosso parceiro, etc.
E quando não temos essa individualidade respeitada, começamos a nos sentir sufocados, pois começamos a nos perder enquanto indivíduos. Para ser casal é preciso, antes de mais nada, ser individuo, existir sozinho, para só depois existir com o outro. Claro que dentro de um relacionamento precisamos também saber ceder, e para a construção da conjugalidade, ou seja, a construção do “nós”, precisamos entender primeiro qual o nosso espaço, quais os nossos limites e respeitar também o espaço e os limites deste outro. Caso contrário, corremos um grande risco de entrarmos em relacionamentos abusivos, acreditando ser amor.
Se você sofre com o ciúme, seja por sentir ciúme demais em suas relações, seja por ser alvo do ciúme de seu parceiro, procure ajuda. O autoconhecimento é muito importante para conseguirmos deixar de lado as fantasias e enxergar o que de fato há nas relações em que nos encontramos.
O que há de real?
Por que sinto tanto ciúme?
Por que permaneço numa relação onde minha individualidade é constantemente atacada?
A resposta para todas estas questões está no autoconhecimento. Entender os motivos nos ajuda a fazer escolhas melhores para a nossa vida.
Como dizia Sócrates:
“- Conheça-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os Deuses.”